Instituto Pensar - Bailique, o arquipélago que vai desaparecer

Bailique, o arquipélago que vai desaparecer

por: Ana Paula Siqueira


Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O arquipélago do Bailique, distante 180 quilômetros de Macapá (AP), está desaparecendo por causa da erosão. Cerca de 700 famílias já perderam suas casas. Escolas, posto de saúde e cartório foram destruídos pelo fenômeno que ficou conhecido como ?terras caídas?.

Para falar sobre o tema, o Socialismo Criativo Entrevista recebeu João Capiberibe (PSB), ex-governador e ex-senador pelo Amapá. Para o socialista, o arquipélago está fadado a desaparecer. Especialmente, se o poder público continuar ignorando a situação dos cerca de 13 mil habitantes do Bailique.

Confira a entrevista

"É uma tragédia socioambiental terrível?, afirma João Capiberibe

O problema é causado por hidrelétricas construídas ao longo do Rio Araguari somado a canais interligando os rios Araguari com Amazonas, feitos por criadores de búfalos com o intuito de encurtar caminho. O aquecimento global também é um fato preponderante. O derretimento das geleiras aumenta o nível do mar e, por consequência, a água avança.

Além das ?terras caídas?, os moradores também sofrem com falta de água potável graças à salinização, que traz sede e provoca impactos ambientais ainda desconhecidos com a entrada da água do mar no rio.

A falta de energia também é outro problema. A água também leva os postes e prejudica pescadores e coletores de açaí, que não podem refrigerar os produtos.

João Capiberibe esteve na região no final de julho. Foi com a vereadora Janete Capiberibe (PSB) e o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP) para verificar como está a situação dos moradores do Bailique. Voltaram preocupados. Com o período de seca, a situação fica ainda pior.

"Nessa época do ano, não chove e a água do rio perde a força e o mar avança salinizando a água do rio, deixando a população sem água potável para beber, adoecendo ou tendo que buscar água em lugares muito distantes. A impressão que tivemos é que as pessoas estão completamente abandono. Governo federal e estadual ausentes e a prefeitura de Macapá pode pouco?, relata.

Audiência pública sobre o Bailique

Após a viagem, uma audiência pública foi realizada, sexta-feira (13), na Câmara dos Deputados a partir de solicitação de Camilo Capiberibe.

A comunidade do Bailique foi representada na audiência pelo Presidente do Conselho Comunitário do Bailique, Paulo Mota Rocha. Também participaram da reunião o Diretor Presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone; a Diretora-Presidenta da Agência Nacional de Águas, Christianne Dias; o Procurador Chefe da República no Estado do Amapá, Pablo Luz De Beltrand; o Gerente do Departamento de Obras do Programa Luz Para Todos no Amapá ? Eletronorte.

Representantes das Usinas Hidrelétricas Ferreira Gomes e Cachoeira Energia e os pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Admilson Moreira Torres e Valdenira Ferreira Dos Santos; e o professor da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Alan Cavalcanti Da Cunha também marcaram presença no debate.

Além da audiência, o deputado Camilo solicitou a criação de um grupo de estudos do Ministério da Ciência e Tecnologia para estudar o problema e arquivos de fotografias da região feitas por satélite, ilustrando uma linha do tempo com o avanço da erosão; requereu à Prefeitura de Macapá e ao governo estadual que forneçam água potável aos moradores das ilhas ? já que está ocorrendo a salinização dos igarapés ? e energia elétrica.

O parlamentar também destinou emenda de R$ 600 mil no orçamento deste ano para modernizar a cadeia produtiva do açaí, camarão e produção do óleo de pracaxi, a partir da atuação conjunta da Embrapa-AP com as moradoras da comunidade Limão do Curuá; e R$ 400 mil para reformar, reativar e aumentar a produção da fábrica de gelo ? implantada no governo Camilo ? de 2,5 toneladas para 10 toneladas diárias.

Com informações da Ascom do deputado Camilo Capiberibe




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